Ação do MPF que afastou servidores do IFC é reflexo de projetos como o Escola sem Partido

21 de agosto de 2017

Alojamento-minNa última quarta-feira (16), o Ministério Público Federal (MPF) ordenou o afastamento do diretor-geral do Campus Abelardo Luz do Instituto Federal Catarinense (IFC), Ricardo Scopel Velho, e do coordenador-geral pedagógico, Maicon Fontanive. A medida é uma retaliação contra a interação do campus com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Foi ordenada também a apreensão de celulares e computadores pessoais, além da quebra de sigilo de informações dos dois servidores e da reitora, Sônia Regina de Souza Fernandes.

Para o diretor de imprensa da APUFPR-SSind, Cássio Alves, o que está ocorrendo é uma agressão à liberdade de opinião, de pesquisa e de trabalho, típica de projetos como o Programa Escola sem Partido. “É uma afronta à autonomia universitária. Trata-se de uma perseguição política que se soma ao conjunto de perseguições que vários setores têm sofrido no Brasil e no mundo”.

Os argumentos utilizados pelo MPF para realizar essa perseguição política aos servidores do IFC não se sustentam. A presença do MST no campus não significa que há algum tipo de interferência política ou de gestão do movimento dentro da instituição, uma vez que se trata de um órgão público. Todos os servidores passam por um processo seletivo de concurso público, organizado pela reitoria em consonância com as leis federais.

Da mesma maneira, os estudantes e a comunidade externa têm autonomia e liberdade para se manifestarem, não existindo, portanto, nenhum tipo de imposição ideológica.

Em relação à interação com o MST, cabe lembrar que as necessidades locais são consideradas para que as atividades promovidas pelo instituto permitam o desenvolvimento da agricultura familiar por meio de uma educação do campo de qualidade.

Função social

O Campus Abelardo Luz foi criado para atender às necessidades dos agricultores familiares e camponeses da região, incluindo assentados do MST, em 2011, e fica situado em área de concentração de assentamentos da Reforma Agrária, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), de propriedade da União. Todos os assentados atendem aos requisitos do Estatuto da Terra e vale reforçar que o campus não é exclusivo para essas famílias, afinal, ele é público.

É uma conquista dos trabalhadores rurais, que gerou grande desenvolvimento educacional na região por meio de atividades pedagógicas articuladas juntamente com os movimentos sociais campesinos. Essa estratégia é adotada em diversos institutos federais do país, visando à aproximação política e pedagógica com a realidade local.

Localizado a aproximadamente 30 km do centro de Abelardo Luz, uma das principais lutas após a criação do campus é o posicionamento de que a educação promovida pelo IFC no local não seja para formação de mão de obra para os grandes frigoríficos e para o agronegócio da região.

“O que precisa ser observado nesse caso é que a ação do MPF parece refletir os interesses da elite da região, influenciada pelas ideias do Programa Escola sem Partido, que censura a liberdade e a autonomia na educação. Pode ser o prenúncio de algo pior que ainda está por vir”, afirma o vice-presidente da APUFPR-SSind, Raimundo Alberto Tostes.

Fonte: APUFPR-SSind


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