A verdade sobre os ataques da velha mídia à Universidade Pública

24 de agosto de 2017

velha mídiaO que leva um dos maiores veículos de comunicação do Paraná – até pouco tempo atrás o maior jornal impresso do estado – a se dedicar tão metodicamente à desmoralização da universidade pública no Brasil? Desde o final de 2016, a Gazeta do Povo tem se dedicado quase que semanalmente ao ataque às instituições públicas de ensino superior. “Seis cenas peculiares que aconteceram em universidades públicas brasileiras” (09/06) e “Dez monografias incomuns bancadas com o dinheiro público” (13/06), são apenas alguns dos artigos com esse enfoque. Qual seria a verdadeira motivação para um jornalismo pouco plural e tendencioso? Está cada vez mais claro que a Gazeta do Povo definiu que seu público-alvo serão pessoas ultraconservadoras e neoliberalistas, que buscam matérias com o mesmo viés políticoideológico para convencer os outros de que estão certas.

Posicionamento

Essa busca constante por títulos chamativos e a substituição de matérias tradicionais por listas – processo conhecido como “buzzfeedização” –, indicam o fator que incentiva o veículo a se posicionar politicamente: o econômico. Portais que utilizam esses recursos para aumentar o número de acessos já provaram que a técnica funciona. Portanto, o veículo paranaense segue essa vertente, tentando driblar a crise que abalou o formato do jornal. O que traz renda para esses sites são as visualizações e os cliques – nova forma de monetização utilizada pelos anunciantes, que deixa difícil para os usuários diferenciarem o que é material próprio e o que são posts patrocinados –, e o que gera esses dois fatores são títulos chamativos e matérias rebaixadas.

Com isso, o público consome textos parciais e com valor meramente comercial. Para o professor do Departamento de Comunicação Social da UFPR Mário Messagi Júnior, a Gazeta do Povo está utilizando uma estratégia agressiva para aumentar seus índices de visualização e se tornar um grande portal nacional. “O objetivo é alcançar um público conservador e que busca materiais muito mais pelo posicionamento nele expresso do que pelo conteúdo que possui”, ressalta. Para isso, a Gazeta do Povo renovou seu quadro de funcionários e está dando destaque para colunistas que sustentam esse pensamento retrógrado. Ao priorizar a produção de conteúdos opinativos, o veículo vai se transformando cada vez mais em uma espécie de blog conservador e se afastando dos conceitos tradicionais de jornalismo. Para o diretor de imprensa da APUFPR-SSind, Cássio Alves, as reportagens tentam desconstruir as universidades públicas questionando a liberdade de pensamento e pesquisa acadêmica, afirmando que a universidade precisa dar lucro e produzir mercadoria, excluindo o papel social dessa instituição. “Se quer a todo custo privatizar e transformar a universidade pública em uma mercadoria lucrativa.

O grande discurso é este: ela precisa ser viável financeiramente, e para isso acontecer é preciso rebaixar a qualidade de ensino, pesquisa e extensão, de forma a transformar todas as produções acadêmicas em materiais rentáveis para o mercado, e como numa grande empresa, é preciso aumentar a força de exploração sobre as/os trabalhadoras/es da universidade, somando isso ao rebaixamento dos salários. Nesta visão, a universidade deve multiplicar o dinheiro, o conhecimento passa a ser secundário, porque só é importante se produzir mercadoria, se for fonte de lucro”, enfatiza. Nesses ataques às instituições públicas de ensino, percebe-se a tentativa de formatar o pensamento da população para criar uma aversão a tudo que possui caráter público e social.

Fonte: APUFPR-SSind


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