#RetiraHorácio: uma questão de dignidade

9 de setembro de 2020
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As universidades públicas passam pela situação mais difícil de sua história. Nunca houve um ataque tão grande contra nossas instituições. E foram ataques baixos, rasteiros e vis, estimulados e patrocinados por setores que pretendem destruir o livre pensamento na nossa sociedade.

Mas o problema se torna ainda pior quando o golpe pode vir de dentro da nossa própria instituição, daqueles com os quais conviemos há anos (ou décadas).

Antes, fazemos aqui um parêntese:

Desde o começo deste ano, a APUFPR vem alertando sobre os riscos de intervenção na nossa instituição. Não tínhamos, naquele momento, um foco específico, mas antevendo os acontecimentos e nos baseando no fato de que o presidente da República já havia indicado interventores em quase metade das instituições, fizemos o alerta à nossa comunidade.

A história comprovou que estávamos com razão. Logo veio uma Medida Provisória que dava plenos poderes ao governo para indicação de reitores-interventores. A MP caiu. Mas as ameaças não.

 

Voltando aos perigos internos:

Veio o processo de consulta à comunidade para a escolha da Reitoria. A APUFPR, como parte da Comissão Paritária de Consulta, manteve sua posição responsável e isenta na condução do pleito.

A votação foi realizada. As categorias tiveram participação recorde. Mais de 17 mil pessoas. Ao final, esperávamos que os candidatos se comprometessem com o resultado e com a vontade da comunidade.

E aí, as ameaças que até então eram externas, se tornaram internas. O candidato derrotado, que teve menos de 9% dos votos, se recusa a aceitar a decisão democrática e tenta anular a votação. Além disso, faz ataques rasteiros contra a APUFPR e contra a CPC para criar factoides.

Durante todo o processo, apesar de questionado inúmeras vezes, inclusive por jornais conservadores, nunca se comprometeu com o respeito ao resultado, e nem deixou claro que não aceitaria uma indicação mesmo sendo derrotado. Seria um indício?

Estariam as ambições pessoais acima da coletividade?

Para nós, da APUFPR, defender a democracia e a decisão da comunidade não se trata de avaliar escolhas pessoais e nem opções ideológicas. Nossa posição seria a mesma se a conjuntura fosse outra, se os candidatos fossem outros ou mesmo se a situação fosse inversa. Para nós, o respeito à democracia está acima de tudo.

Trata-se de dignidade. Como alguém pode abrir mão disso? Quem estaria disposto a manchar a própria trajetória e de entrar para a história como reitor-interventor?

Temos uma tradição democrática, de respeito à escolha da nossa comunidade desde 1985. Os candidatos derrotados sempre tiraram o nome da lista tríplice que é enviada ao Governo Federal.

Nossa comunidade não merece conviver com riscos tão imensos. Porque o que acontecer agora terá repercussão por, pelo menos, quatro anos (que é o prazo da gestão). Além de nos submeter a uma gestão ilegítima, viveríamos sob o risco de não podermos escolher também os demais ocupantes de outros cargos, como diretores de setor.

 

#RetiraHorácio é um clamor que tomou conta não só de quem participou da votação, mas de praticamente toda a nossa comunidade universitária, formada por mais de 40 mil pessoas. São essas pessoas com as quais o interventor teria que conviver.

E certamente não seria uma convivência saudável. Apenas tornaria o ambiente da UFPR hostil.

Por isso, conclamamos que o candidato derrotado, Horácio Tertuliano, mostre dignidade e ética. Reflita sobre sua decisão. Faça uma escolha honrosa.

Mahatma Gandhi afirmou que “A dignidade pessoal e a honra não podem ser protegidas por outros, devem ser zeladas pelo indivíduo em particular”. É hora de você, Horácio, zelar pela sua própria honra e pela sua dignidade.

Se perdê-las agora, nunca mais voltará a tê-las.

 

Associação dos Professores da UFPR

Em defesa da democracia e da legitimidade da escolha da comunidade universitária

 

Fonte: APUFPR

 


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