As trapalhadas do MEC: erros na correção do Enem e queda do desempenho

21 de janeiro de 2020
enem

Um erro grosseiro, que ilustra a inabilidade do Governo Federal em administrar a educação brasileira, marcou a divulgação do resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), um dos principais indicadores da qualidade do sistema educacional no país.

Depois de estudantes denunciaram, nas redes sociais, incongruências relacionadas às notas do Enem 2019, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, reconheceu no sábado (18) que houve falhas no processo de correção.

Na transferência de informações da prova do segundo dia, alguns estudantes tiveram os gabaritos corrigidos com base nas respostas corretas de outras provas. Quem fez a versão cinza da avaliação, por exemplo, foi avaliado como se tivesse respondido à amarela.

Visto que a confusão de versões e o despreparo são muito comuns entre os integrantes do atual governo, as declarações de Weintraub e do presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, sobre a falha simplesmente não batem.

Às pressas e sem evidências concretas, Weintraub afirmou que o erro estaria restrito a “casos isolados”, algo em torno de apenas 0,1% dos estudantes – ou seis mil pessoas.

Horas depois, Lopes desmentiu o ministro e disse que até 30 mil estudantes podem ter sido afetados.

Contrariando ainda mais a versão precipitada de Weintraub, o Inep confirmou, no domingo (19), que identificou problemas na correção das provas do primeiro dia, ampliando a abrangência da investigação.

Ainda não se sabe, portanto, quantos estudantes foram atingidos e os efeitos concretos do erro na vida dos jovens brasileiros.

Prazo relâmpago

O Ministério da Educação (MEC) criou um e-mail para que os estudantes pudessem relatar as inconsistências entre os gabaritos e a nota divulgada. Nessa medida, outra demonstração de desrespeito para com os estudantes brasileiros.

Os jovens tiveram pouco mais de 24 horas para enviar os relatos ao MEC. O prazo encerrou às 10h desta segunda-feira (20). Com essa medida “para inglês ver”, muitos temem perder as vagas nas universidades públicas.

O que justifica tanta pressa? Não seria mais justo ampliar o prazo de envio dos relatos para reduzir ao máximo o número de estudantes prejudicados? A quem interessa tamanho desencontro de informações precipitadas e sem qualquer embasamento?

Vale lembrar que o Enem e o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) são os principais meios de entrada de estudantes de baixa renda na universidade pública.

Esse triste episódio, somado ao histórico de demonstrações de incompetência e ao comportamento lunático dos integrantes do MEC, confirma que estamos diante da pior gestão da pasta na história recente do Brasil.

Desempenho pior

Além das reiteradas trapalhadas protagonizadas pelos gestores do MEC (muitas vezes tem-se a sensação de que não há efetivamente gestores na pasta), o Enem também revelou uma queda geral no desempenho dos estudantes em 2019, em comparação com 2018.

Enquanto a média geral caiu em matemática, linguagens, ciências humanas e da natureza, o número de notas zero em redação aumentou.

Sem conseguir explicar o resultado, Alexandre Lopes, do Inep, afirmou que o Enem não seria um instrumento adequado para avaliação da qualidade. É de se refletir se sua resposta seria a mesma caso os resultados tivessem melhorado.

Já o ministro Weintraub, que raramente apresenta explicações concretas sobre qualquer fenômeno envolvendo a educação brasileira, encontrou como saída, novamente, colocar a culpa nos governos anteriores.

Quando não está mentindo para enganar a população, escrevendo textos e tuítes com erros crassos de português ou errando somas usando bombons em transmissões ao vivo, Weintraub se esconde sob a mesma desculpa de sempre. Mas com o tempo, essa justificativa está ficando cada vez mais frágil.

Fonte: APUFPR


BOLETIM ELETRÔNICO


REDES SOCIAIS