MEC desbloqueia parte do orçamento e UFPR, mas a corda ainda está no pescoço

9 de outubro de 2019
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A Universidade Federal do Paraná (UFPR) confirmou, na semana passada, que o Ministério da Educação (MEC) desbloqueou cerca de R$ 24 milhões do orçamento da instituição.

O corte realizado pela pasta em maio havia retirado R$ 48 milhões da UFPR, colocando a comunidade acadêmica em clima de permanente incerteza sobre o futuro.

Com o desbloqueio de metade do valor, a Reitoria descarta a suspensão das atividades e do vestibular, medidas que estavam sendo consideradas caso o corte continuasse em vigor.

Coincidentemente (ou não), o comunicado do MEC veio à tona durante a Greve Geral de 48 horas, uma mobilização nacional conjunta organizada por entidades representativas dos docentes, técnicos administrativos e estudantes.

De acordo com a Pró-Reitoria de Planejamento da UFPR, os R$ 24 milhões vão garantir o pagamento das contas de setembro e outubro, mas somente com a liberação da segunda parte do valor bloqueado será possível garantir a manutenção de serviços de limpeza, segurança e outros até o final do ano.

Otimismo?

A liberação do montante proporcionou uma pequena sensação de alívio, o que não significa que há motivos para comemorar. Sabe-se que o orçamento previsto para 2019 já era mínimo antes dos cortes.

O desbloqueio da verba afastou a necessidade de medidas drásticas – como o fechamento da instituição –, mas está longe de garantir um funcionamento de qualidade para a universidade. Em outras palavras, a UFPR voltou a ter mínimo necessário para funcionar.

Mas qual o problema?

As universidades públicas se destacam por sua qualidade, que está intimamente ligada à relação entre ensino, pesquisa e extensão.

Apesar da garantia do orçamento mínimo para funcionamento da UFPR, os impactos dos cortes ainda serão sentidos, com reflexos na realização de atividades (como aulas de campo e de laboratórios, pesquisas etc) e na dificuldade de ampliação de infraestrutura.

Obviamente, com o tempo tudo isso tende a afetar a qualidade das instituições.

O governo deixou claro há muito tempo que não se importa com esse aspecto (qualidade). O presidente Bolsonaro já afirmou em um programa em rede nacional que as universidades públicas não produzem pesquisa. E o ministro da Educação, Abraham Weintraub, insiste na mentira de que docentes só trabalham 8 horas por semana.

Fora isso, é necessário lembrar que o Governo Federal insiste na entrega das universidades federais às Organizações Sociais (OS) por meio do Future-se.

Se for aprovado, o programa do MEC irá retirar do Estado a prerrogativa de garantir recursos para as instituições, criando formas de financiamento totalmente dependentes da iniciativa privada.

Além da perda da autonomia universitária, da dissolução do tripé ensino-pesquisa-extensão e da submissão da produção científica aos interesses do mercado, o Future-se vai instaurar um clima de permanente competitividade entre as instituições na busca por orçamento.

A defesa de uma universidade pública autônoma, socialmente referenciada e gratuita depende diretamente da garantia de seu caráter público. E essa luta ainda está longe do fim.

A APUFPR convida os docentes para se somarem às mobilizações contra o Future-se e pela manutenção da excelência das universidades federais.

Fonte: APUFPR


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