Especialista aposta em perda de usuários com nova tarifa de Curitiba

Lafaiete-Neves-300x199Lafaiete Neves, especialista em transporte, considera o sistema caro.
Ele sugere a revisão de contratos; Urbs, contudo, diz que não há risco.

O professor Lafaiete Neves, especialista em transporte, diz acreditar que o sistema público de Curitiba pode perder passageiros com a passagem a R$ 4,25, em vigor desde a segunda-feira (6). Antes, a tarifa na cidade era de R$ 3,70. O reajuste, portanto, foi de 14,86%.

O professor afirma que o sistema curitibano é muito caro para ser mantido. Ele sugere a revisão dos contratos com as empresas de ônibus. “Tem que fazer um acordo e rever os parâmetros do contrato, porque não há como reduzir a tarifa se os parâmetros forem revistos”.

A própria Urbanização de Curitiba (Urbs), responsável pela gerencia do transporte coletivo, divulgou números que mostram a redução de passageiros. Em 2015, a média foi de 1.619.647; em 2014, 2.200.005; em 2013, 2.225.000; em 2012, 2.223.908.

Para a empresa, não há mais risco de diminuição de usuários. A recuperação da economia e a geração de empregos, afirma a Urbs, vão fazer o trabalhador voltar a usar os coletivos.

O novo valor provocou protesto na cidade que acabou em violência e vandalismo. A Polícia Militar chegou a usar balas de borracha, e 11 pessoas foram detidas, segundo a corporação.

Ação popular

O deputado estadual Tadeu Veneri (PT) ingressou com ação popular na 3ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba contra o reajuste da tarifa. Ele pede a revogação do decreto que fez subir a passagem.

Um dos argumentos da ação é o princípio constitucional da razoabilidade tendo em vista que a correção da tarifa supera a inflação anual, de 6,5%. A ação aponta ainda a falta de transparência dos cálculos feitos pela prefeitura para chegar ao novo valor, que vigora desde o início desta semana.

“Aumentar a passagem de ônibus gera reflexo não só para o usuário como para toda a população, pois de forma reflexa todos são afetados por esse aumento. A atual crise econômica e o nível de desemprego indicam que o presente aumento das tarifas, ao diminuir a renda disponível do trabalhador para o consumo e aumentar o custo das empresas, pode gerar ainda mais desemprego e recessão”, afirmou o deputado, em nota.

*Lafaiete Neves, professor aposentado do Departamento de Economia da UFPR e doutor em Desenvolvimento Econômico pela UFPR, foi membro da Comissão da Urbs de Estudos da Tarifa (2013) e é membro da Plenária Popular de Transporte.


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